25.2.04

Conte até três: 1, 2, 3!

Elas eram três fadas. Aquilo era a coisa mais óbvia que eu já tinha visto, tão simples quanto dois e dois são quatro! Mas não, ele tinha que discordar de mim, sempre. São só amigas passeando, Cá, ele me disse em voz baixa, elas bem a nossa frente.
A de blusinha azul era baixa, ligeiramente gorda, de cabelos pretos escorridos quase até a cintura. Quando não estava puxando a saia pra baixo, apontava coisas ao seu redor, um dedo fino e de unha bem cuidada. Por certo esta seria Flora.
A de rosa, alta e elegante numa calça de linho preto, mantinha suas costas milagrosamente retas, e não cansava de passar a mão nos cabelos loiros e cacheados. O andar era de passos curtos, definitivamente elegante – sem ser esnobe –, essa que devia ser Fauna.
A do meio, coincidentemente de estatura mediana, usava uma blusa amarela e uma jardineira verde musgo, que lhe conferiam um ar jovial, quase infantil. Sua pele era morena e seus cabelos ondulavam até a metade das costas. De tanto meio e entre, como entre inverno e verão é meio frio e meio quente, essa era, sem dúvida, Primavera.
Seguimos as três por dois quarteirões, ele revirando os olhos e eu andando a passos rápidos. Foi quando elas entraram num ônibus azul e lotado, ele me segurando pelo braço e eu ali: bela adormecida sem fadas madrinhas.

17/Nov/2003