25.2.04

(sem título 17)

Eu passo meus dedos levemente por detrás da folha branca, sobre o auto-relevo de minha triste carta. E sinto aqueles hieróglifos tão meus, imaginando que ali estão por causa da força do que eu sinto, e não pela pressão deste lápis sobre o papel pautado fino.
Levanto os olhos e vejo uma chuva dourada pingar ritmada. Mas é apenas a luz alaranjada a iluminar, do alto do poste, as gotas que pingam do telhado sem calha. Gota, gota,poça,, gota, poça, poça..
Um relâmpago ilumina de luz prata o céu negro, recortando nele as nuvens cheias daquela chuva áurea que mancha minhas letras trêmulas.
Essa não é uma carta de despedida, nem de amor, nem é a última e nem é a primeira. É só, e apenas isto, mais uma carta a lápis, a formar hieróglifos em seu verso.
Meus versos, não são a primeira canção. Nenhuma delas eu pretendo re-gravar, já as tatuei profundamente e isso basta.
Basta!

05/Mar/2003