25.2.04

(sem título 12)

A lua no céu estava prateada e reluzia como sonho de criança. O mar estava calmo, e ondas suaves vinham beijar a areia resplandecente.
A brisa fina acariciava as folhas das árvores, que balançavam compondo harmoniosas melodias.
Mas as mãos tremiam e as pernas estavam bambas, e não havia motivo para isso. Ou havia? Será que ocorrera algo imperceptível? Na verdade, podia saber o motivo real daquilo, mas talvez não conseguisse acreditar. Talvez não quisesse admitir a parcela de culpa ou talvez não a considerasse desta forma.
A lua iluminava a noite com sua luz alvo-azul-prateada, mas não clareava as idéias.
Tinha medo! Medo de que aquilo tudo acontecesse novamente, e causasse esse sofrimento todo de novo! E o estranho era que não sabia se era mesmo sofrimento. Não sabia se era decepção ou se era apenas angústia por não conseguir o que queria. De repente desilusão por tanta precisão na previsão dos fatos..
O fato é que de tanto tornar isso motivo suficiente para uma crise existencial, não percebia o quanto o fato era ínfimo.
E não notava que a solução era não tentar solucionar; não havendo solução, não havia problema, e então tudo estava solucionado.
É necessário confessar que não solucionara por falta de competência, e não por acreditar nessa brilhante conclusão.
Ao final disso, põe-se a lua lá no oeste, sua luz já encoberta pela claridade do dia, que dissipa também essas dúvidas.
E assim seguem os dias e noites

2003