25.2.04

(sem título 3)

Estávamos andando pela rua, lado a lado, fazia vinte minutos. Ninguém falava nada: apenas seguíamos devagar. Às vezes, quando o movimento dos carros diminuía, podíamos ouvir nossa respiração calma e profunda.
O horizonte fazia-se e desfazia-se num ir e vir de formas e cores. É claro que não prestávamos atenção nisso, nem em todo o resto que acontecia ao nosso redor: as pessoas apressadas, os carros coloridos, as janelas abertas ou fechadas, os bares vazios, as lojas sem movimento, os bancos da praça desocupados. Tudo isso e nada, não fazia diferença para nós.
Eu pensava em tanta coisa ao mesmo tempo que toda a energia do meu corpo se concentrava no cérebro. Não sei como eu conseguia andar. Um turbilhão de sentimentos passeava pelo meu corpo como a poeira passeava por aquelas ruas. Eu não sabia exatamente o que sentia, só conseguia me sentir bem, acima de tudo, por estar ali com ele.
Esse prazer era mútuo. Não precisaríamos de mais nada além do outro. Bastava a mim que ele pudesse estar ali, e a ele que estivéssemos juntos. Não íamos de mãos dadas, pois não precisávamos nos tocar para sentir a presença do outro.
Não sei dizer exatamente o que diabos acontecei, mas por algum motivo nós nunca mais pudemos nos sentir assim. Se por vontade Dele, dele ou minha, eu também não sei explicar! Só sei dizer que ele ainda passeia por dentro de mim, e estranhamente, eu por dentro dele..

15/Mai/2002