25.2.04

(sem título 2)

A chuva pingava rapidamente no mar calmo do litoral. A lua escondia-se por detrás de nuvens negras e densas, pesadas; parecia, olhando-se pro céu, que o ínfero engoliria o mundo assim que se abrisse aquela cortina de maldita, e as chamas lamberiam da terra a felicidade, levando para o lugar mais profundo e inalcançável a capacidade de sorrir das pessoas.
A chuva não cessava nem um segundo, e o mar gélido e plúmbeo se deprimia em pequenas ondas, que não tinham nem forças para chegar às rochas. A lua se debatia contra aquelas nuvens diabólicas, e exprimia toda sua força em luz, na esperança de poder iluminar o oceano tão distante e tão triste. Mas seu esforço foi em vão.
A noite fresca passa e vai embora com a brisa forte e fria, que entra janela adentro. As nuvens ainda estão lá, negras más, e o céu avermelha.
Lentamente todo o céu se tinge de um vermelho-alaranjado-azul-aroxeado e indescritível, e a brisa vai afastando as nuvens, abrindo as cortinas maldirás para o inferno invadir a terra: mas Ele não deixaria isso acontecer jamais.
Com um gesto simples e da maior originalidade, cria-se a vida: nasce um criança, feliz, sorridente e que tem, inconscientemente, a esperança de viver num mundo melhor.

2002