25.2.04

Impulsive

As pessoas ao redor brincaram, insinuando coisas. O terraço, não coberto, tinha piso em cor mogno, e sobre ele se espalhavam a mesinha de centro e uma porção de cadeiras, de plástico ou madeira; alguns ocupavam esses lugares, enquanto outros ficavam de pé, e mais uns tantos preferiam apenas se encostar no peitoril. A garota repetiu:
- Vem comigo, Cris. – e pegou a mão dele.
Descendo a rua, bastante íngreme, chegaram à praia, onde a pequena faixa de areia branca contrastava com a imensidão negra do oceano. Ainda segurando uma de suas mãos, ela apontou a lua, cheia e brilhante, cercada de estrelas, todos mudos: lá e aqui. Então, com um leve tremor nas mãos – ou nos olhos, ele não saberia dizer –, ela o encarou e foi como se falasse as coisas mais lindas que ele podia ouvir, a voz mais doce a ser emitida pelo par de olhos amendoados a sua frente.
Uma onda de medo o invadiu junto com o sentimento de ternura. Medo do que sentia agora e jamais percebera, medo de não corresponder às expectativas, medo de não dar certo, medo de ter medo de ter medo... e um impulso maior que tudo isso, uma vontade amendoada de sentir o gosto da felicidade entre seus lábios: e a beijou, todinha...

09/Fev/2004